A APUB-Sindicato, desde a sua fundação, tem como princípios fundamentais a democracia, a pluralidade sindical e o respeito às decisões da nossa base. Orientamos as nossas ações por estes valores e participamos da luta pelo retorno e o fortalecimento da democracia no país, pelo interesse público e pelos direitos dos professores e professoras das Instituições Federais de Ensino Superior. Em 2009, em processo política e juridicamente legítimo, baseado na identificação de divergências em relação à atuação do Andes e a fim de representar democraticamente os interesses de nossas/os afiliadas/os, decidimos nos tornar um sindicato autônomo e de base. Temos agora, 16 anos depois, a oportunidade de ratificar aquela decisão, que foi nesse período não apenas reiterada mais de uma vez, como confirmada, em 07 de abril de 2025, por sentença judicial em segunda instância.
Contudo, ao propor esse debate à categoria, fomos surpreendidos com uma reação que acusa esse esforço de “golpe”. A palavra carrega, como sabemos, forte carga semântica, fazendo referência a experiências traumáticas da nossa história política. Não foi por acaso que a campanha contra o “golpe” alcançou, rapidamente, os ouvidos e os corações dos membros das associações coirmãs da APUB no estado da Bahia. A estas entidades nos dirigimos no intuito mais sincero de modificar os termos em que o debate foi colocado. O processo deliberativo ora proposto, que regulariza a condição jurídica da APUB-Sindicato e confirma a decisão legítima da nossa base, não tem como sentido a invasão das bases de outras associações, seções sindicais ou qualquer forma de organização dos e das docentes de Instituições de Ensino Superior da Bahia. Entendemos a preocupação dos que organizam as lutas de docentes em nosso Estado. Historicamente defendemos, e lutaremos por isso democraticamente, para que todos e todas tenham o direito inalienável de definir as suas próprias formas de associação. Acreditamos que a nossa capacidade de lutar por nossos direitos se fortalece pela unidade na pluralidade, respeitando as diferenças e reforçando os valores que nos unem. Não aceitamos e, por isso também, jamais praticaremos intervenção sobre a autonomia de entidade sindical de qualquer natureza.
A legislação brasileira nos coloca diante de contradições que podem tomar a forma de antagonismos. A obtenção de carta sindical pela APUB-Sindicato, decisão que emana da vontade expressa de nossa base, pode alterar a cobertura jurídica das outras associações. Porém, a opção de não regularizar juridicamente nosso sindicato restringe a escolha pela forma de organização sindical da parte da categoria representada pela APUB. Diante desse dilema, qual seria o caminho mais justo? Por acreditar na política democrática, no pluralismo e na defesa da autonomia, estamos abertos ao diálogo franco sobre a convivência entre concepções sindicais divergentes, sobre as melhores formas de organização da representação e sobre o que fortalece a nossa solidariedade enquanto categoria. Este é o convite que fazemos às lideranças e às bases de nossas coirmãs do Estado da Bahia.