APUB SINDICATO DOS PROFESSORES DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR DA BAHIA

De mãos dadas com a democracia, pela universidade e por direitos

A verdade é que Bolsonaro facilitou a destruição da Amazônia e das matas nativas em todo país

A devastação ambiental no Brasil promovida pelo governo bolsonarista causou, entre agosto de 2021 e julho de 2022, mais de 10 mil km² de floresta da Amazônia Legal. O desmatamento é o maior em 15 anos, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

O tema foi parte central dos debates presidenciais e evidenciou uma diferença gigantesca entre os governos de Bolsonaro e Lula: enquanto nos dois governos Lula o desmatamento foi reduzido em 67% ,(segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações), o desmatamento no governo Bolsonaro subiu 73%.

Destruição

De acordo com as informações do sistema Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), 2022 é o terceiro ano consecutivo em que o desmatamento na Amazônia cresce no governo de Bolsonaro. O acumulado de alertas de desmatamento em 2022 na Amazônia foi de 8.590 km² e ficaram acima da marca de 8 mil.

Trata-se da maior floresta tropical do planeta, portanto é considerada crucial nos esforços para o combate às mudanças climáticas justamente por ser capaz de retirar da atmosfera o gás carbônico que está lá em excesso por causa das atividades humanas.

Mas o desmatamento observado nas últimas décadas, principalmente na porção Leste da Amazônia, já começou a abalar essa capacidade, como mostrou o estudo liderado pela química Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Segundo os pesquisadores, as emissões de carbono da Amazônia nesse período foram comparáveis ao estrago causado em 2010 e 2015/16 pelo El Niño, fenômeno de aquecimento das águas do Pacífico que torna a Amazônia mais seca e, portanto, mais inflamável. A diferença principal é que as altas emissões de 2019 e 2020 foram provocadas basicamente por ação humana, visto que nesses dois anos não foi verificada nenhuma condição climática extrema que justificasse essa elevação.

Não é coincidência que o governo Bolsonaro tenha desmontado institutos essenciais para a preservação ambiental, como o Ibama e o ICMBio, reduzido a fiscalização da Polícia Federal na área.

Também não é coincidência que o ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, Ricardo Salles, seja investigado pelo crime de participação em um esquema de exportação ilegal de madeira do Brasil para os Estados Unidos e para a Europa. Mesmo assim, Salles foi eleito deputado federal com expressiva votação, o que mostra que os bolsonaristas costumam proteger aqueles que estão envolvidos em crimes.

Devastação

Os Estados que mais desmataram nos últimos 12 meses foram o Amazonas, Acre e Rondônia, que compõem a região Amazônica. 36% dessa destruição das florestas são na região conhecida como Amacro, onde grandes áreas desmatadas têm ocupado florestas públicas não destinadas e áreas protegidas.

Mas, infelizmente, a Amazônia não tem sido a única tragédia ambiental do atual governo. Em 2021, o Brasil atingiu o maior número de toda perda de florestas nativas no mundo. Dados do Global Forest Watch (GFW) revelam que o país concentrou 40% de toda a perda mundial, com redução de 1,5 milhão de hectares. Os índices, segundo o estudo, variaram entre 1,3 e 1,7 milhões a partir da gestão de Bolsonaro.

A conta desse desmatamento recai em toda sociedade. Em primeiro lugar, ameaça diretamente a vida dos povos e comunidades tradicionais e a manutenção da biodiversidade nas regiões devastadas.

Em segundo lugar, diversos relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) ressaltam que a devastação, além de contribuir para a maior emissão de carbono em um período de crise climática, também elevam as emissões de carbono e consequentemente resultam em fenômenos extremos como ondas de calor, secas e tempestades ainda mais frequentes e intensas.

Esses efeitos podem causar grandes perdas tanto no campo e agronegócio quanto nas cidades. E, no caso da Amazônia, essa perda se dá não somente em escala nacional, mas em escala global, visto que atualmente a floresta é um dos principais reguladores climáticos do mundo.

Mudanças à vista

A eleição presidencial deste ano tinha, aos olhos do mundo, uma característica especial: era a oportunidade de eleger um presidente que salvaria a Democracia no Brasil e que também tinha largo histórico de defesa do meio ambiente e do combate ao desmatamento florestal.

É por isso que praticamente o mundo inteiro ficou aliviado quando Luiz Inácio Lula da Silva foi declarado vencedor das eleições. Não por coincidência, ele foi convidado para discursar na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP27, no Egito, enquanto Bolsonaro permaneceu escanteado no debate e nem compareceu ao evento.

Ele sabia que seria extremamente constrangedor ver seu adversário ser aplaudido por representantes de todos os países enquanto a ele sobrariam os olhares de desprezo pelo lugar que ocupou na história da geopolítica mundial.

Fonte: APUB

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